segunda-feira, 19 de maio de 2014

Ler te Torna Superior aos Outros?


Para responder ao questionamento título do post, vou recorrer à uma comparação bastante apropriada. Considere o seguinte:

O indivíduo que pratica exercícios físicos dentro das medidas saudáveis (sem excessos), com regularidade, está em uma posição potencialmente vantajosa em relação ao indivíduo que não prática exercícios ou que pratica sem se preocupar em conferir suas limitações por meio, por exemplo, do auxílio de um profissional. Essa vantagem reside nos benefícios que seguem a prática de exercícios, como resistência física, potencialização do sistema imunológico, redução dos riscos de doenças cardíacas, maior disposição para realizar atividades do dia-a-dia, dentre tantos outros benefícios. Já a desvantagem do indivíduo que não pratica exercícios ou que o faz de forma indevida, reside nos inversos dos benefícios apresentados, como alto risco de doenças cardíacas, maior tendência a obesidade, fragilidade imunológica, dentre uma série de outros fatores.

Feitas essas considerações, fica fácil entender em que reside a hipotética "superioridade" dos praticantes de exercícios físicos em relação aos não-praticantes ou aos praticantes irresponsáveis. Ambos podem ser relacionados no quesito “qualidade de vida”, um fator que determina privilégios que são possíveis à ambos, mas que são acessados por um e não acessados por outro. Isto nos leva a concluir que, se queremos ter uma vida menos exposta a riscos envolvendo doenças (que nos remete a dor, sofrimento, perda, desespero...) ou outras mazelas da vida, praticar exercícios torna-se indispensável, uma potencial salva-guarda. Não confundir indispensável com suficiente, pois os exercícios precisam ser complementados com outras práticas, como alimentação, repouso, entre outros. E não quero tocar aqui na questão (bastante relevante) da acessibilidade aos meios para alcançar essa qualidade de vida (que permite um paralelo com o acesso à educação de qualidade).

Concluímos, então, que quem faz exercícios físicos possui "vantagens" em relação aos que não o fazem, pois está em uma posição mais elevada, tomando como base os padrões evidentes que determinam uma melhor qualidade de vida. O que tende a ser visto como superioridade, nesse caso, não é algo que reside no mérito ou na dignidade, mas nas vantagens. Você não permanece da mesma forma. Ocorre mudanças, descobertas e acima de tudo, crescimento. Você pode ter lido milhares de livros e sido aprovado em diversas universidades, mas só isso não confere a superioridade que realmente importa, aquela que reconhece o outro como igual, que o respeita como igual. A superioridade não sobre as pessoas, mas sobre o instinto de se colocar acima. 

Outro ponto relevante é que, assim como os exercícios, a leitura pode ser feita de forma correta ou incorreta. Podemos estender essa figura um pouco mais. Por exemplo, um indivíduo que pratica exercícios em um ambiente cercado por toda sorte de vegetação está em vantagem em relação àquele que o faz em um ambiente com pouca vegetação e com transito constante de veículos poluentes do ar. E assim, vários grupos podem ser formados, tendo como comparativo o grau de vantagens e desvantagens entre si, vantagens que são bastante relevantes se considerarmos, por exemplo, que além do fator “saúde”, praticantes de exercícios podem comparecer em campeonatos e ganhar notoriedade, prêmios, experiências. As possibilidades são maiores, mais abrangentes.

Esses princípios se aplicam à leitura da mesma forma. Ler te põe em vantagem em relação aos que não leem ou aos que o fazem de forma indevida. Como os exercícios, a leitura possui benefícios, uma infinidade deles, sendo um dos mais importantes, a noção, aquisição e o aperfeiçoamento do senso crítico, que nos permite avaliar o que é bom ou não para nós, desde coisas simples, como a importâncias de olhar para os lados ao atravessar a rua, como coisas mais complexas, como enxergar a necessidade de sinalizações e manutenções nas estradas para a prevenção de acidentes.

A leitura também pode ser realizada da forma "errada", isto é, deixando de lado alguns dos benefícios que a leitura poder fornecer. Posso citar alguns exemplos:

Pessoas que leem apenas um único gênero de livro estarão em evidente desvantagem em relação as que leem um pouco de tudo e, portanto, poderão debater e opinar a respeito de variados temas e angariar mais referências. Pessoas que tem o hábito de ler todos os dias e sempre que possível, estão em grande vantagem em relação aos que o fazem pouco e não aproveitam bem o tempo livre. Pessoas que não leem clássicos por serem de linguagem rebuscada e exigirem mais do raciocínio e reflexão vão encontrar muito mais dificuldades para superar obstáculos do que aqueles que estão sempre avançando novos níveis de complexidade na leitura e expandindo suas noções de mundo.

Para finalizar o post, vale a pena listar alguns dos muitos benefícios da leitura.

  • Ler melhora o funcionamento da memória (que reduz risco de Alzheimer);
  • Ler te torna interessante;
  • Ler regularmente, para não se tornar um analfabeto funcional (que compreende uma parcela assustadora de universitários);
  • Ler para conhecer seus direitos;
  • Ler para expressar melhor o que se pensa, sabe, sente e quer;
  • Ler te dá argumentos;
  • Ler enriquece seu vocabulário;
  • Ler coloca a inteligência em progresso;
  • Ler melhora sua habilidade de escrita e criação de textos;
  • Ler lhe permite ver em diversas perspectivas;
  • Ler funciona como simulação para a vida no dia-a-dia;
  • Ler lhe permite conhecer o passado, compreender o presente e especular o futuro;
  • Ler lhe ajuda a decidir o que é melhor;
  • Ler amplia a capacidade de sentir coisas novas, nos permitindo vivenciar emoções diversas, algumas das quais jamais experimentadas pelo leitor. Se não ampliamos o campo daquilo que sentimos (ou que podemos sentir), nossa capacidade intelectual fica prejudicada, nossa racionalidade se deforma;
  • Ler é indispensável para aprender e dominar outros idiomas na fala e na escrita (e o seu próprio);
  • Ler é o mais perto que se pode chegar do "falar com os mortos";
  • Ler (ficção) lhe possibilita entender-se e entender e interpretar os outros;
  • Ler te dá maior possiblidade de se destacar profissionalmente;
  • Ler para saber o que é melhor para a saúde;
  • Ler para adquirir e exercer o senso crítico, essencial para a vida em uma sociedade capitalista;
  • Ler para ser capaz de interpretar textos complexos e as artes (música, pinturas, filmes...);
  • Ler para superar a perda, frustrações e depressão;
  • Ler para conhecer outros lugares;
  • Ler, para conseguir as ferramentas necessárias para lidar com a realidade;
  • Ler para conhecer outros mundos e outras existências;
  • Ler para entender e avaliar criticamente a política...


... enfim, ler, ler e ler. Em qualquer hora dia ou lugar. Ler sempre. Não é em vão que a história é dividida entre pré-escrita e pós-escrita. Podemos dizer que trata-se da maior invenção da humanidade, sem a qual não teríamos nem 1% do conhecimento que temos hoje.

Por Henrique Magalhães

3 comentários:

  1. Viva Henrique,

    Não considero que por ler com regularidade seja factor para me sentir melhor que os outros, mas depois de ler esta tua mensagem reconheço que trás benefícios e é saudável, logo estou contigo é continuar a ler sempre :D

    Abraço e boas leituras

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  2. Olá, Henrique!

    Agora que arrumei meu novo perfil no face dá para voltar a curtir este blog. Aliás, parabéns, estou fuçando as matérias aqui e estou achando tudo muito bacana.

    Bem, concordo com o amigo Corvo, a leitura trás benefícios para o leitor, mas não o torna melhor do que ninguém. Ótimo artigo e mais uma vez parabéns.

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  3. EXATAMENTE!!!!!!!!!!!!!!!ler é tudo de bom!

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